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Os remédios, hoje em dia, têm cores cada vez mais atraentes. Mas você sabia que todo esse colorido que ingerimos é desnecessário para o efeito que se espera? Os aditivos - entre os quais estão os corantes - são substâncias adicionadas aos medicamentos e alimentos para tornar seu aspecto mais atraente e para acentuar o sabor, mas não têm nenhum valor terapêutico. Muito pelo contrário.
O primeiro ponto negativo é que o uso de corantes pode estimular o consumo inadequado dos medicamentos, principalmente pelas crianças, já que a cor chama a atenção e o sabor docinho pode ser confundido com uma das guloseimas que elas costumam ingerir. Sem contar que determinados corantes vêm sendo associados aos distúrbios de atenção e hiperatividade dos pequenos - segundo ponto negativo dessas substâncias.
Um estudo feito na Universidade de Southampton, na Inglaterra, publicado pela revista científica Lancet em 2007, mostrou que corantes e conservantes podem estar relacionados à hiperatividade e a distúrbios de concentração das crianças. No teste, o grupo de crianças que ingeriu a mistura com alto grau de aditivos teve "efeitos adversos significativos" em comparação com o grupo que bebeu a mistura placebo, sem corantes.
Apesar de perigosa, essa relação ainda não está totalmente esclarecida. "Estudos que avaliaram o uso de tartrazina [um dos tipos de corantes utilizados em medicamentos] e o aparecimento de distúrbios de comportamento em crianças, como a hiperatividade, ainda não permitiram estabelecer uma relação definitiva entre eles", esclarece Cristina Miuki Abe Jacob, coordenadora da Unidade de Alergia e Imunologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Mas a relação entre esse corante e as reações alérgicas, entretanto, é amplamente documentada. É por essa razão que existe um alerta específico para o tartrazina nos medicamentos (RDC no 137/03 da Anvisa).
O Idec recomenda, nesses casos, o princípio da precaução. Sempre que você puder, deve evitar medicamentos com corantes - princi- palmente se eles forem dados a crianças. Para ajudar nessa tarefa, pesquisamos produtos de uso comum na pediatria - e seus correspondentes para uso em adultos - e descobrimos que 67% dos 57 medicamentos escolhidos utilizam corantes.
QUE COR É ESSA?
A primeira conclusão da pesquisa é de que é difícil fugir dos corantes - ou de algum tipo específico deles - sem a ajuda de um especialista no assunto. "Não há padronização entre os fabricantes na maneira de identificar os corantes presentes nos produtos. O corante amarelo crepúsculo, por exemplo, é identificado em alguns produtos como amarelo no 6, enquanto o amarelo tartrazina pode ser encontrado como amarelo no 5. O consumidor fica exposto aos riscos dessa informação pouco clara", alerta Mirtes Peinado, técnica do Idec responsável pela pesquisa. Com relação ao amarelo tartrazina, essa falta de clareza é uma infração grave, já que a presença do corante deve ser explicitada na embalagem dos medicamentos, de acordo com a RDC no 137/03, da Anvisa. No AAS infantil, por exemplo, essa informação não consta do blister. Apesar de a resolução obrigar o alerta apenas na embalagem principal, o Idec acredita que todas as partes dos medicamentos deveriam trazer essa informação, já que alguns remédios são vendidos apenas no blister.
Fonte:
Idec
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